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A Farsa de Inês Pereira

Texto de Mestre Gil Vicente

Um Espectáculo de Maria do Céu Guerra

Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube.

Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube.

 

Farsa de Inês Pereira.

M/12

Texto Mestre Gil Vicente

Encenação Maria do Céu Guerra

Elenco Paula Gueres, Rita Soares, Teresa Mello Sampayo, Ruben Garcia, Samuel Moura, Sergio Moras e Vasco Lello

Assistentes de Produção Samuel Moura e Vasco Lello

Desenho de luz Vasco Letria

Operação de Luz e Som Ruy Santos e Ricardo Silva

Guarda-roupa Elza Ferreira

Secretariado Inês Costa

Design Gráfico e Fotografia Maria Abranches

Farsa de Inês Pereira

Gil Vicente deu ao Teatro Português algumas das suas mais belas e complexas figuras femininas: Constança (Auto da Índia), Genebra Pereira (Auto das Fadas), Maria Parda (Pranto e Testamento de Maria Parda), Inês Pereira (Farsa de Inês Pereira) entre outras. Esta última – a que neste espectáculo damos vida – é uma figura rica, contraditória e protagonista da comédia mais bem construída do autor. Maltratada pela censura que lhe roubou, entre outras, as referências ao eremitão abusador, A Farsa de Inês Pereira foi das poucas obras de Gil Vicente das quais sobreviveram duas edições distintas. A primeira de cordel, onde se conserva a versão integral e a segunda editada depois da Censura da Inquisição que flagelou também Os Autos das Barcas, O Jubileu dos Amores, A Aderência do Paço, entre muitas outras obras do autor.

Mas afinal o que continha a primeira edição desta comédia aparentemente ingénua para merecer o castigo da censura?

Desde logo a sua protagonista é uma jovem popular, o autor situa a história em Tomar (cidade onde se realiza a estreia do espectáculo), que sabe ler e escrever, habilidade habitualmente só concedida às meninas da nobreza. E mais grave, é uma rapariga que deseja absolutamente ser livre e feliz. E desejar ser feliz e livre não é aceitável em tempos de Inquisição.

Para que esta personagem passe no crivo do tempo, ela tem tem de ser contraditória e nem todos os seus comportamentos podem ser muito correctos. E por isso a personagem é cómica e a sua personagem é transgressora. Rodeada de personagens que são tipos como o rústico Pedro Marques, a mãe austera, a alcoviteira sem moral, o galã machista, o ermitão abusador, Inês Pereira é verdadeiramente uma personagem com identidade e vida própria para a qual as nossas raparigas ou rapazes devem olhar com atenção porque ela faz parte da sua história.

O espectáculo procura fazer uma pintura bem-disposta da vida, da casa, dos costumes e das ambições dos portugueses rurais de um tempo que, com ou sem Descobrimentos, verdadeiramente só se alterou no século XIX.

Mais sobre a Farsa ou Auto de Inês Pereira.

Farsa de Gil Vicente que foi representada pela primeira vez em 1523. As farsas, diametralmente opostas às «moralidades», baseiam-se em temas da vida quotidiana, tendo um enredo cómico e profano. A Farsa de Inês Pereira parte da glosa de um mote: «mais quero asno que me leve, que cavalo que me derrube». Esta circunstância é explicada na didascália de abertura do texto: «que por quanto duvidavam certos homens de bom saber se o autor fazia de si mesmo estas obras, ou se as furtava de outros autores, lhe deram este tema sobre que fizesse».

Todo este enquadramento recorda a inserção do teatro vicentino no contexto da Corte. A ideia de glosa de um mote é claramente cancioneiril, e a menção dos «homens de bom saber» constitui uma referência direta ao público cortês, devidamente familiarizado com as convenções de elaboração e receção do texto literário. Este era dotado de uma incontornável vertente não só dramática mas acentuadamente teatral, facto que o ligava intimamente à sua receção, como é óbvio neste caso.

Entre o «asno» e o «cavalo» do mote inicial oscilará Inês Pereira, a personagem principal, jovem casadoira mas exigente. O «asno» é Pero Marques, o seu primeiro pretendente, que lhe é trazido por Lianor da Vaz, alcoviteira típica do tempo. Pero Marques, lavrador inculto que nunca viu sequer uma cadeira, personifica a rusticitas, que porque se opõe diametralmente à urbanitas cortês, à referida cultura assente em convenções comportamentais, não deixa de provocar o riso, assim funcionando como mecanismo subliminar do autoelogio da Corte. Inês Pereira recusa-o, pois pretende antes alguém que demonstre alguma urbanidade, alguém que, à boa maneira da Corte, saiba combater, fazer versos, cantar e dançar, alguém como Brás da Mata, o segundo pretendente, que lhe é trazido pelos Judeus Casamenteiros, um pouco menos sinceros e bem-intencionados do que Lianor Vaz. Mas Brás da Mata representa apenas o triunfo das aparências, um simulacro de elegância, boa-educação e bem-estar social, que acredita no casamento como solução para as suas dificuldades financeiras. Incapaz de ver para além das aparências, Inês escolhê-lo-á como marido, assim definindo o seu carácter ao longo das diversas situações da peça: solteira ingénua mas cheia de ambições de ascensão social, casada com o escudeiro e desencantada, viúva, depois de o marido morrer na guerra fugindo de uma batalha (violação de um dos elementos fulcrais do código cortês), e, finalmente, esposa leviana e adúltera de Pero Marques, o «asno» que literalmente a leva às costas para o encontro com o seu amante.

Trata-se, portanto, de uma sátira aos costumes da vida doméstica, jogando com o tema medieval da mulher como personificação da ignorância e da malícia.

Webgrafia:

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$farsa-de-ines-pereira

(Consultado a 07/04/2022)

DISPONÍVEL POR MARCAÇÃO | Sessões às Quintas e Sextas, às 14h30 e às 16h30

Contactos | Tel. 213965360 | Email. barraca@mail.telepac.pt

1936: Ano da Morte de Ricardo Reis.

Adaptação e Dramaturgia Helder Mateus da Costa

Um Espectáculo de Helder Mateus da Costa

O Encontro Inesquecível entre Pessoa e Reis.

O Encontro Inesquecível entre Pessoa e Reis.

 

1936: Ano da Morte de Ricardo Reis.

M/12

Texto Jose´ Saramago

Adaptação e Dramaturgia Helder Mateus da Costa

Encenação Maria do Céu Guerra

Elenco Aderito Lopes, Ruben Garcia, Joao Maria Pinto, Rita Soares, Sonia Barradas, Samuel Moura, Sergio Moras

Assistentes de Produção Samuel Moura

Desenho de luz Paulo Vargues

Operação de Luz e Som Ruy Santos e Ricardo Silva

Guarda-roupa Maria do Ceu Guerra

Secretariado Inês Costa

Design Grafico: Arnaldo Costeira

1936: O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS 

O encontro inquieto do defunto Fernando Pessoa com o único heterónimo que lhe sobreviveu, no ano em que crescem todos os fascismos. A partir do extraordinário romance de Saramago, um jogo assombroso entre real e imaginário, Saramago confronta Pessoa. Confronta o criador Pessoa com a criatura Ricardo Reis. Um poeta morto, em trânsito para a eternidade, chama à razão o poeta de papel. Em 1036, dominavam o medo e a subserviência.

Neste espectáculo, Hélder Costa preocupou-se em definir o cerco policial que começara a dominar a sociedade portuguesa – os possíveis informadores da polícia política em hotéis, pensões, táxis, etc. - o caso do recepcionista Salvador; o domínio ideológico dos media e da alta burguesia do Dr. Sampaio, profundo admirador de Salazar e da mão de ferro calçada com uma luva de veludo...  Só o ano de 1936 nos acorda para a realidade.

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Elogio da Loucura.

Adaptação e Dramaturgia Helder Mateus da Costa

Um Espectáculo de Helder Mateus da Costa e Maria do Céu Guerra

Erasmo de Roterdão.

Erasmo de Roterdão.

 

Elogio da Loucura

M/12

Texto Erasmo de Roterdão

Adaptação e Dramaturgia Helder Mateus da Costa

Encenação Helder Mateus da Costa e Maria do Céu Guerra

Elenco Maria do Ceu Guerra, Joao Maria Pinto, Aderito Lopes, Teresa Mello Sampayo, Ruben Garcia, Samuel Moura, Sergio Moras, Vasco Lello, Mia Henriques, Matilde Cancelliere, Joao Teixeira.

Assistentes de Produção Samuel Moura e Vasco Lello

Desenho de luz Vasco Letria

Operação de Luz e Som Ruy Santos e Ricardo Silva

Guarda-roupa Elza Ferreira

Secretariado Inês Costa

ELOGIO DA LOUCURA

O Elogio da Loucura é um ensaio escrito em 1509 por Erasmo de Roterdão, dedicado ao seu amigo e companheiro de filosofia Thomas Morus, condenado à morte por Henrique VIII porque defendia a separação entre o Poder Real e a Religião. O Elogio da Loucura é considerado um dos mais influentes livros da civilização ocidental, satirizando as superstições da doutrina católica e as práticas corruptas da Igreja Católica Romana. Erasmo, ao contrário de Lutero, nunca apoiou a cisão Protestante continuando a combater pela verdade dos ideais cristãos dentro do Catolicismo. É um texto na linha dos humanistas do Renascimento, com citações clássicas. A Loucura compara-se a um dos deuses, filha de Plutão e Frescura, sendo educada pela Inebriação e Ignorância, e com vários companheiros que se podem considerar da família dos pecados mortais. O Elogio da Loucura conheceu um enorme êxito popular e até o Papa Leão X considerou a obra divertida. E foi assim, criticando desvios e abusos, fanatismos e dogmatismos, venalidade e opulência, que Erasmo lutou pela renovação da Igreja. E como toda essa extraordinária sátira atingia todos os males sociais e todas as classes, acabou por ficar um testemunho intemporal desse passado e dos nossos presentes e futuros. Acreditamos que o actual Papa Francisco tenha sido um leitor atento e devotado dessa obra-prima. Do ponto de vista pessoal e profissional, este é um texto que se insere no trabalho dramatúrgico que Hélder Mateus da Costa vem realizando desde há muitos anos. 

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