A história é simples.

Um grupo de velhos amigos de bairro ganha a sorte grande.
Como são pobres, não sabem o que hão-de fazer ao dinheiro.
Por milagres da “actual conjuntura” (para usar uma terminologia bastante vulgarizada) começam a receber dinheiro através de um misterioso gestor. Este gestor revelar-se-á uma personalidade dinâmica e empreendedora, pois desaparece com um grande subsídio (que vinha da Europa, claro!), que se destinava aos seus clientes. Como era pessoa séria, deixa uma carta de despedida explicando que as pressões dos partidos políticos eram enormes para ele dar comissões, e como “a sua vida não era a política”, tinha fugido para outras terras com a benção de Deus.
O grupo de amigos decide então investir num indivíduo e fazer campanha para que ele chegue a ministro, para tudo rolar sobre rodas.
A campanha faz-se e nunca se fala de política. Trata-se de organizar um golpe para ocupar a cadeira do poder, as ideias não interessam.
E quando ganham a batalha, decidem continuar a luta preparando a oposição.
É uma comédia que se quer bem divertida, capaz de divertir e satirizar os modernos sistemas eleitorais, deste país e de qualquer outro.
Ambição, desespero, egocentrismo, são estas as regras de convivência de alguns que fazem da nobre acção que devia ser a política, um pântano de intrigas, corrupção e desmandos vários.
Perante este absurdo, oiçam a nossa gargalhada. Também é absurda, mas ao menos é saudável.

Hélder Costa