Marilyn, Meu Amor (2001)

Texto, cenografia e encenação de Hélder Costa
Teatro Cinearte, 10 de Janeiro

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA

Cenografia, Cartaz e Programa: Helder Costa

Máscaras: Victor Sá Machado

Danças: pedro Rodrigues

Luminotecnia: José Carlos Pontes

Sonoplastia: Fernando Pires

Execução de cenários: Mário Dias, Paulo Ramalho

Elenco: Carla Alves, Catarina Santana, Mafalda Franco, Maia Ornelas, Sara Noronha, Carlos Cabrita, Jorge Mourato, Miguel Telmo, Paulo Serafim, Sérgio Moras

Marilyn Monroe é um verdadeiro mito.

Sublinho verdadeiro porque todos sabemos que muitas e variadas manipulações estão ao serviço da fabricação de falsos mitos.
No caso de Marilyn, a adoração, o fascínio pela sua imagem, toca todas as idades, sexos, ideologias, e talvez religiões.
Mas será Marilyn unicamente a imagem da loira de "glamour" inexcedível?
Penso que não.
Marilyn, a actriz que quis ser actriz e pessoa, que trocou a Fox por Strasberg, que defendeu Miller contra McCarthy, Nixon e Reagan, seria algo mais que a frívola boneca loira e pré-Barbie que muitos quiseram fabricar.
Na sua paixão e insegurança, no seu olhar ingenuamente perverso, no próprio desamparo que a cercou e aniquilou, encontram-se os sinais da utopia e do sonho que marcaram os anos 60.
Assim pensaram, entre muitos outros, Ernest Cardenal e Bob Dylan.
Marilyn, imagem e mito dessa época generosa, combatente e transformadora, a quem apetece, pelo reavivar de memórias que provoca, chamar "meu amor".
Será saudosismo? Não tenho dúvidas nenhumas que é. Mas, se os reaccionários de ontem e de hoje têm saudades de tudo o que é feio e repelente, porque é que eu não hei-de ter saudades de tudo o que era belo e vibrantemente generoso?

Hélder Costa

"Marilyn, meu amor" é um espectáculo de forte componente musical e que recorre a projecções de imagens e excertos de filmes.
A peça segue o percurso de Marilyn Monroe ligando-a à vida cultural e política do seu tempo.
Três actrizes representam três Marilyn: a primeira, a Norma Jean dos primeiros passos, a cover-girl e pin-up, a segunda incorpora a Marilyn - mito e vedeta imbatível, e a terceira Marilyn representa os anos finais da sua vida, belíssima e infeliz.
No decorrer da acção, estas três personagens cruzam-se, espiam-se, trocam opiniões, conselhos, sentimentos e crises.
Segue-se o percurso de Hollywood através dos seus mestres - Laughton, Chaplin, Billy Wilder, entre outros -, revela-se o fascínio Europeu por Marilyn através de Laurence Olivier e Yves Montand, e a participação da poesia e da música para a eternização do mito - Marilyn através de Ernesto Cardenal, Bob Dylan e Pete Seeger.
Quanto ao enquadramento político e à problemática social, basta seguir a biografia de Marilyn: Arthur Miller introduz-nos no negro período do McCarhismo, e os Kennedy falam-nos dos modernos "novos demo-cratas" e dos conflitos com Cuba e Vietname, umas das raízes próximas das transformações dos anos 60.
A produção deste espectáculo, a estrear até ao fim de 2000, em colaboração com o "Diário de Notícias" publicou um anúncio "À Procura de Marilyn" solicitando candidatas a qualquer das três Marilyn que entram na peça.
Obtivemos cerca de 500 respostas, e passámos a uma segunda fase dos testes seleccionando as candidatas e pedindo que escolhessem uma cena e uma canção da peça para o "exame final" a realizar durante todo o mês de Setembro.

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