Margarida do Monte (1989)

Texto de Marcelino Mesquita
Encenação e Dramaturgia de Helder Costa
Estreia do Teatro Cinearte, 29 de Dezembro


FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA 

Recuperação do espaço, administração, produção e programa: Maria do Céu Guerra

Apoio à Recuperação do espaço: Mário Alberto

Cantor, Compositor: Janita Salomé

Cenário e Figurinos: António Belart

Luminotecnia: Luís Viegas

Carpinteiro: Manuel Barata

Execução de Guarda-Roupa: Alda Torres

Fotografia: Carlos Gil

Assistência Geral: Carlos Ramalho

Danças Flamengas: Célia Neves

Colaboração: Suzana Carvalho

Assistência: Rui Rezende

Apoio: Maria Carlota Guerra

Cortinas: Alice Ferrugem

Elenco: António Cardoso, António Gomes, Cristina Chafirovitch, Janita Salomé, João Maria Pinto, Luis Thomar, Madalena Leal, Maria do Céu Guerra, Paula Sousa, Osvaldo Canhita, Rui Pisco

Ao Sul, tudo é paixão

Margarida do Monte povoa os sonhos e a imaginação do rei D. João V, mas Miguel
conquistou o coração da garrida e trigueira cigana.
O rei, apelidado de magnânimo pelas benesses, e jóias que perdulariamente distribuía por amigos, amantes, Igrejas e Embaixadas, não gostou da história e fez com que o braço da sua justiça enforcasse o audacioso rival.
Margarida do Monte não suportou o desgosto e suicidou-se. Desta tragédia da pequena história do século XVIII, Marcelino Mesquita elaborou um drama romântico quente e violento. É esta história de amor, de paixões, ódios e vinganças que vos contamos inserida no quotidiano de um acampamento cigano.
Com os cantares, a dança, a alegria e o humor de uma raça perseguida e marginalizada. Uma raça que está longe e perto de nós, e que se encontra junto da família Ibérica, Mediterrânica, Africana e Latino-Americana.
Com este espectáculo queremos falar desta identidade cultural, dos seus possíveis pontos de encontro, e desta natureza humana radical e afectiva.
Para que se fale do Sul, do sal e do Sol.


Hélder Costa



Realizar um sonho é a tarefa mais delicada do homem. Talvez também das mais dolorosas. Pertenço à geração de gente de teatro que quer deixar feito aquilo que sonhou. Construir, reconstruir, não deixar cair. Criar estruturas tem sido a nossa responsabilidade. «Criar, com os olhos secos». Espaço para nós e para os que vierem. Espaço. Aquilo que não encontrámos ao chegar.
A Barraca inicia agora uma nova etapa da sua vida e vai ser por isso mais amada e mais odiada. Está a cumprir-se. Estamos na primeira fase da dificílima tarefa de reconstruir o Cinearte. Temos a noção que estamos a pisar terras difíceis porque este cinema fazia parte da memória e do afecto de muitos e também porque estas casas são como as estrelas do écran, fica-nos a imagem do seu apogeu e não acompanhamos a sua queda. O
cinema Cinearte ia acabar sem que ninguém desse por isso. Viva o Teatro Cinearte.
Esta é a primeira peça. Um autor português. Uma lembrança para Lorca. A homenagem ao povo cigano e... a nós... «Enquanto há força».


Maria do Céu Guerra

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1988. O Baile