Os Pintores de Canos (2022)

Os Pintores de Canos

M/12

Dramaturgo Heinrich Henkel

Encenação de Adérito Lopes

Interpretação Sérgio Moras e Vasco Lello, com participação de Samuel Moura

Direcção Técnica e desenho de Luz Vasco Letria

Sonoplastia e operação de som Ricardo Silva

Montagem e operação de luz Ruy Santos

Cartaz e design gráfico Inês Costa

Costureira Elza Ferreira

Assistência operacional Sona Dabo

Produção A Barraca

 
 

Os Pintores de Canos

Os Pintores de Canos é uma peça que apresenta em cena uma visão, de experiência feita, do dramaturgo Heinrich Henkel, ele próprio um operário.

Dois operários, pintores de canos, trabalham mecanicamente num lugar subterrâneo, onde preservam a manutenção dos canos através da pintura, e é neste local - por vezes claustrofóbico e ao mesmo tempo de uma imensidão infinita, devido à perenidade do seu trabalho - que refletem sobre as suas vidas e as díspares e divergentes perspetivas com que as testemunham. Por um lado, temos um operário mais velho, de meia-idade, um profissional veterano, que aceita impassível a sua vida e todas as condições que esta lhe oferece, sem as rebater. Por outro lado, temos um jovem operário que questiona de forma contestatária as perspetivas do colega mais velho. Este principiante proletário não aceita a apatia que esta

função lhe propõe, tentando contorná-la com algum sentido de lazer e desenfado, mas isto só seria possível se colher a aprovação e cumplicidade do seu provecto colega, e assim se iniciam as discórdias e conflitos dos representantes destas duas gerações, tão afastadas pela idade como pelo pensamento.

Trata-se de uma criação cénica que procura ultrapassar os debates geracionais, abrindo o pano para a reflexão sobre as fragilidades da sociedade mais capitalista e menos humana, onde todos são substituíveis, enfrentando o medo do desemprego, os pequenos poderes e as grandes misérias.

Meio século depois da escrita desta peça, experienciamos uma conjuntura global de sombria instabilidade nos mais variados setores, sem resolução à vista, também no que respeita à realidade laboral.

Parece-nos oportuno levar à cena estes pintores de canos, que, nas palavras de Heinrich Henkel, revelam muito do que ainda se vive no mundo do trabalho através de humor e pessimismo. Sendo o humor uma característica congénita ao grupo A Barraca, abdicamos do pessimismo – nós, discípulos desse outro marxista sui generis Helder Mateus da Costa, vamos pelo humor e pelo otimismo sartriano que ele nos ensinou. É por isso, nessa paternidade que a arte teatral nos proporciona, que dedicamos, com gratidão, este espetáculo ao nosso Helder Mateus da Costa.

Com interpretações dos atores e comparsas Sérgio Moras, Vasco Lello e Samuel Moura, pintores de canos, atores d’ A Barraca, os impertinentes do costume com as suas parvoíces (palavra favorita no léxico do Helder Costa).

Adérito Lopes

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in Boa Onda CM (13 de Janeiro de 2023)

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