O Incorruptível (2004)

Texto e encenação de Hélder Costa
Theatro Club, Póvoa do Lanhoso, 17 de Janeiro


FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA

Luminotecnia: José Carlos Pontes

Sonoplastia: Fernando Pires 

Produção e Divulgação: Elsa Lourenço

Secretariado: Maria Navarro

Cartaz: Helder Costa e Ricardo Romão

Elenco: Gil Filipe, Rita Fernandes

Este "Incorruptível" tem uma história engraçada. Tudo comecou em 1995 durante os ensaios de O Avarento de Moliére. Raul Solado era o protagonista, e durante um almoço desafiou-me para lhe escrever um monólogo e eu sugeri-lhe um drama moderno: um político que quer ser corrupto, que tem a infelicidade de ninguém o convidar para os tais altíssimos negócios, assim se transformando - contra a sua vontade e sofrendo o desprezo de familiares, amigos e correlegionários- num incorruptível. O tema da corrupção estava, como sempre, na ordem do dia.

Recordo que Cunha Rodrigues, então Procurador-Geral da República falou da cultura da corrupção existente em Portugal. O que lhe valeu, evidentemente, severas reprimendas por parte dos poderes políticos e duma serviçal rapaziada dos "media”.

A peça foi editada pela Caminho, acabou por estrear como monólogo em noite inesquecível no Café Magestic do Porto, teve posterior montagem em França, Penafiel, Joane, edição em Espanha, e chega agora - depois de uma apresentação em Moçambique - numa versão para um actor e uma actriz.

Assim como a vida, corroborando a célebre frase do léxico Guterriano "é a vida!", também a peça e o destino d'O Incorruptível se alteraram.

Quanta à corrupção sim, tambem se alterou.

Cunha Rodrigues falava da corrupção. Hoje, ninguém duvida que a corrupção é endémica, atinge todas sa camadas da população, faz cair diariamente os ídolos com pés de barro que são os dirigentes partidários, os opinion makers, os televisivos, os meninos do jet-set e os gajos da ralé, e os, os, os…

É verdade, isto não tem cura. Porque está na raíz do “sistema”, e o “sistema” vive disto.

Que fazer?

Vai uma boa gargalhada?

A Barraca

O que dizem sobre nós

“O “Incorruptível”, com que abri a crónica desta semana, é uma sátira absolutamente actual que nos conta a história de um político que quer ser corrupto, mas que circunstâncias várias impedem de sê-lo. Contra sua vontade não consegue satisfazer o seu maior sonho: ser corrupto. Helder Costa, o autor da peça, confessa que a escreveu em homenagem a inesquecíveis figuras do nosso mundo contemporâneo. Mas que bela homenagem!”

Maria João Rolo Duarte, in Jornal de Notícias (26 de Janeiro de 2004)

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